Em 2004, foi realizado na cidade de São Paulo o I Congresso Integralista para o Século XXI. Na importante ocasião foi criado o novo movimento Integralista, hoje denominado Frente Integralista Brasileira.No dia 25 de Janeiro de 2009, foi lançado o “Manifesto da Guanabara”. O novo Manifesto , que não substitui os anteriores, foi lançado e lido diante de brasileiros de diversas regiões que presenciaram este momento histórico e novo marco no Integralismo.O evento foi realizado no Largo do Paço Imperial, na cidade do Rio de Janeiro, importante local histórico para monarquistas e republicanos, sintetizando muitos anos da História do Brasil. Agora, nestes dias difíceis, convidamos você sabendo que de nosso triunfo ou derrota dependerá o triunfo ou derrota do Brasil e de que moralmente a vitória já é nossa.

A frente integralista brasileira é dividida em diversos núcleos, em cada região do país.

domingo, 2 de maio de 2010

Divulgando o Integralismo pelo Brasil.


De que forma nós Integralistas da 4º Geração podemos divulgar o Integralismo? Muitos de nós acreditamos que a divulgação só e possível com sucesso no meio virtual, criando dessa forma dois problemas principais, a saber: uma militância virtual sem comprometimento real com o movimento ou mesmo oportunistas de plantão que apenas se aproximam do movimento para suprir suas vidas vazias e sem direcionamento moral.



Nas décadas de 30 e 40 a Acção Integralista Brasileira, maior movimento político de sua época, foi duramente perseguida por seus opositores que não mediram esforços para extinguir de todos os modos a presença do Integralismo na sociedade e na política nacional. Esta perseguição acarretou em alternativas inusitadas para divulgação dos símbolos e da doutrina Integralista por seus lideres.



Diante desta situação, uma das formas encontradas foi se utilizar da moeda nacional como propagadora do Integralismo, cunhando o símbolo Integralista SIGMA nas moedas de reis que circulavam naturalmente no mercado durante o período, intencionando integrar o símbolo no cotidiano da população como ilustra a imagem ao lado.



O resultado desta ação é intrigante. Devido à semelhança do SIGMA com o SIGLA, monograma que simbolizava o gravador, o SIGLA foi proibido de ser cunhado, e o funcionário que cunhava o símbolo demitido, algumas fontes dizem que este trabalhador era Integralista, porém não existem fontes documentais que confirmem esta informação. Outra forma encontrada pelo governo da época de evitar a divulgação do símbolo Integralista foi proibir que se usasse o símbolo nas aulas de cálculo no Brasil, desta forma, retirando o símbolo do cotidiano da população, esta proibição se manteve ate o final do Estado Novo.



Durante o período de 1945-1965, no qual os Integralistas se agruparam no Partido de Representação Popular – PRP houve novamente tentativas de usar o dinheiro como divulgador do Partido através do bônus de campanha para a candidatura do Presidente Nacional do PRP Plínio Salgado. Estas cédulas ainda hoje podem ser encontradas em portais de venda para compra e ainda podem ser vistas em exposições permanentes como a que se encontra no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro.



Além das maneiras expostas existiram muitas outras formas de divulgação e comunicação entre os Integralistas que permaneceram escondidos por causa da perseguição; o tempo dos calabouços, por exemplo, como é conhecido entre os camisas-verdes da velha guarda ainda é um tema a ser estudado pela historiografia nacional. No próximo artigo irei abordar um pouco sobre esta história de superação e luta por um Estado Integral.



Autor: Jorge Figueira

Pres. Estadual FIB-RJ/NIERJ

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Gustavo Barroso e a Academia Brasileira de Letras

Foi uma longa trajetória, está que trouxe o Secretário Nacional de Educação
da AIB Gustavo Barroso à Academia Brasileira de Letras, e não estou falando da distancia geográfica que separam a cidade de Fortaleza, aonde nasceu, à sede da ABL no Rio de Janeiro. Estou falando da trajetória que todo intelectual percorre até ter seu trabalho reconhecido, e que poucas vezes o reconhecimento leva chegar a esta Casa. Muitos escritores que percorrem este caminho quando chegam a este local tem sua participação beirando ao anonimato, porém não foi isso que aconteceu com Gustavo Barroso. O Secretário Nacional de Educação da AIB antes mesmo de conseguir ser eleito na Cadeira 19 em 8 de março de 1923, tentou outras quatro vezes tendo tido êxito apenas na quinta vez, vale ressaltar que Barroso foi o terceiro ocupante desta cadeira sucedendo o escritor D. Silvério Gomes Pimenta. No seu discurso de posse foi recebido pelo Acadêmico Alberto Faria, que ressaltou a presença do mais jovem membro no quadro da época, 34 anos, e sua prolífica publicação até então de 17 livros. Após ingressar na Academia Brasileira de Letras o mais novo acadêmico passou a atuar no cargo de tesoureiro da instituição que lhe valeu participar ativamente na adaptação do prédio do Petit Trianon, oferecido pelo Governo francês ao Governo brasileiro. Gustavo Barroso também exerceu outros cargos na administração da Academia Brasileira de Letras, se destacando na presidência da Casa nas gestões de 1932/1933 e 1949/1950. João do Norte, Nautilus, Jotanne e Cláudio França foram alguns dos diversos pseudônimos que Gustavo Barroso utilizou em suas obras, infelizmente, a maior parte da sua Obra não se encontra reunida nos Livros, mas, espalhada por diversos jornais e revistas, nacionais e estrangeiros, destacando-se pelo longo período de sua colaboração, a revista Fon-Fon que contribuiu assiduamente com suas publicações. O Boletim Bandeira do Sigma recomenda a leitura de um dos maiores, se não o maior ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense, me refiro ao aclamado livro Terra do Sol de autoria do Secretário Nacional de Educação da AIB Gustavo Barroso, outras obras estas Integralistas poderiam ser recomendadas, porém para compreender a genialidade do Imortal sugiro primeiramente esta obra, já que e uma das mais famosas dos seus 128 livros.

Autor: Jorge Figueira
Texto retirado do boletim Bandeira do Sigma N.6 / Ano I / Janeiro / 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

PELO DIREITO Á VIDA


Advogado militante de ONG sai em defesa de bebês anencéfalos e critica os abortos em todas as situações Na entrevista a seguir, publicada na revista Justilex, em janeiro de 2006, Paulo Fernando Melo da Costa, membro da Organização Não Governamental Pró Vida Família, fala sobre aborto e anencefalia, sob o ponto de vista jurídico e religioso. Professor de cursos preparatórios para concursos, especialista em regimento interno da Câmara dos Deputados, com escritório na área de consultoria política e Direito Eleitoral, Paulo Fernando se destaca pelo trabalho na ONG. Há mais de vinte anos, atua na organização promovendo ações de repressão ao aborto


Justilex - Como suas convicções religiosas interferem em seu
trabalho como advogado?

Paulo Fernando Melo - Para quem tem preceitos religiosos, esses
dão o direcionamento da nossa vida. O advogado pode declinar de
algumas ações quando entender que elas ferem sua consciência.
Quando alguma questão fere essas convicções, eu posso declinar
dessas ações e passar o caso para outro advogado.

Justilex - Como a ONG atua no combate ao aborto?
Paulo Fernando Melo - Eu e outros colegas do Pró Vida
defendemos a tese de que a vida começa desde a concepção. O
art. 5º da Constituição fala da inviolabilidade do direito à vida.
Nós não concordamos com algumas liminares que têm sido
concedidas e com ações de alguns promotores na concessão de
autorização para aborto em casos de anencefalia ou estupro. Não
só eu, mas vários advogados católicos. Isso tudo culminou numa
ofensiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde,
que promoveu a argüição do descumprimento desse preceito
fundamental, número 54, que está em curso no Supremo.
Naquela oportunidade, então, o ministro Marco Aurélio concedeu
liminar autorizando a prática do aborto em caso de anencefalia. E
nós discordamos plenamente, não só por questão religiosa, mas por
questão jurídica. Nós achamos um absurdo que o Supremo possa
legislar. Se querem legalizar o aborto em caso de anencefalia, que se
mude a lei. Para isso tem o Congresso Nacional, onde está em curso
o Projeto de Lei nº 1.065/1991. Uma das atividades desenvolvidas
pela nossa ONG é, além das palestras, dos seminários, do site para
divulgar as informações, nós temos um serviço chamado Operação
Resgate. Nós disponibilizamos um número de telefone e quando
alguém sabe que tem alguma mulher querendo fazer um aborto,
nos informa e nós vamos tentar impedi-lo. É nessas horas que
nós vemos a covardia dos homens. Até nessa hora a mulher fica
sozinha. Quando nós chegamos, elas costumam pensar que somos
nós que estamos ali para fornecer a ela a pílula para fazer o aborto.
E aí, numa conversa amigável, tranqüila, serena, nós mostramos a
ela o que é o aborto e quais são as suas conseqüências. E, nesses 20
anos de atuação no Pró Vida, eu posso garantir que tivemos 100%
de eficácia. Nunca atendemos uma mulher que desejasse praticar
o aborto e levasse a decisão adiante. Contra o aborto, basta falar
a verdade.

Justilex - Vocês têm conseguido vitórias na Justiça?
Paulo Fernando Melo - Nós já tivemos um antecedente com o
advogado Osvaldo Gomes, que conseguiu um habeas corpus para
um feto na Justiça mineira e impediu a prática de um aborto. De
lá pra cá, nós temos um entrave, principalmente aqui no Distrito
Federal, onde um promotor de justiça, se achando no direito de ser
Deus, no direito de se juiz, e, sozinho, tem concedido autorizações
para a prática do aborto. Tivemos um caso de uma menina de
Sobradinho, a Manoela, diagnosticada com anencefalia, cujos pais
decidiram continuar a gestação. A criança nasceu e não morreu
imediatamente, só três anos depois. É uma temeridade essas
pessoas que não são da área médica, mas do mundo jurídico,
acharem que só com uma simples caneta podem autorizar a prática
do aborto. Aliás, esse termo, anencefalia, é um termo inapropriado,
pois significa ausência de cérebro. O termo certo seria merocefalia,
ou seja, não existe uma parte do cérebro, mas há uma parte do
cerebelo, uma parte do bulbo cerebral. Tanto é que a criança se
desenvolve normalmente durante a gestação.

Justilex - Mas o sr. não acha que, no caso da anencefalia
diagnosticada, não é direito do casal ou da mulher tomar a
decisão de levar ou não a gravidez adiante?
Paulo Fernando Melo - Não. O ordenamento jurídico brasileiro, no
artigo 5º da Constituição e no artigo 2º do Código Civil garante o
direito à vida desde a concepção. Então, compete ao Estado tutelar
esse direito fundamental. Claro que se lamenta o fato de a mãe,
que sempre deseja ter um filho, ver esse filho crescer doente. Mas
quando o filho tem problema, ele precisa de mais cuidado ainda.
Nossa legislação é muito clara quando fala da inviolabilidade do
direito à vida. Não se pode condenar essa criança simplesmente
porque ela está com uma doença. Isso reporta à época do nazismo.
É o que eu chamaria de nova eugenia, ou seja, só os bons devem
permanecer vivos.

Justilex - A decisão de doar os órgãos de um bebê anencéfalo
não deve ser dos pais?

Paulo Fernando Melo - Sim, depois de constatada a morte
encefálica. Mas o que se quer é antecipar a morte de uma criança
para salvar outra. E isso é inadmissível.
A Resolução nº 1.752/2004, do Conselho Federal de Medicina, diz
que, autorizado pelos pais, o médico poderá realizar o transplante de
órgãos e tecidos do recém-nascido anencéfalo, desde que a vontade
dos pais seja manifestada no mínimo 15 dias antes da data prevista
para o parto. Ainda cabe decisão judicial contra essa resolução?
Essa resolução do CFM não é aceita por toda a classe médica.
Temos vários pareceres, como o do médico carioca Demival da
Silva Brandão, que contesta veementemente essa resolução, porque
ela permite que se retirem órgãos de crianças anencéfalas, que são
nascidas vivas. Ou seja, mesmo com a anuência de seus pais. A
resolução afirma que os anencéfalos são natimortos cerebrais por
não possuir os hemisférios cerebrais. Nós consideramos isso uma
excrescência. Não existe natimorto cerebral. Um bebê natimorto
nasce morto. A ausência de um cérebro não autoriza que se fale
em natimorto cerebral. Nós consideramos que o CFM extrapolou a
atribuição dada pela Lei dos Transplantes. Em nenhum momento,
a lei utiliza a expressão morte cerebral, o que daria a entender que
a simples parada de funcionamento de um cérebro seria um sinal
suficiente de morte. A lei fala em morte encefálica, que significa
que todo o encéfalo, aí incluído o tronco cerebral, deve parar de
funcionar para que o paciente seja considerado realmente morto.

Justilex - Então o sr. não acha que um bebê anencéfalo, que não
vai sobreviver após o nascimento, possa servir de doador para
um bebê que dependa do transplante para sobreviver?

Paulo Fernando Melo - Não concordo com isso. A própria Lei dos
Transplantes, no art. 14, diz bem claramente que remover tecidos,
órgãos ou partes do corpo de uma pessoa ou cadáver em desacordo
com a lei é crime sujeito a reclusão de 8 a 20 anos e multa. Então,
não podemos concordar que o Conselho Federal de Medicina, ao
seu bel-prazer, coloque o conceito de morte encefálica para morte
cerebral. Isso, em minha opinião, contraria o estabelecido em lei.
Na verdade, essa resolução do CFM autoriza o homicídio de recémnascidos
anencéfalos e não tem sequer valor jurídico, pois não serve
para completar o que foi deixado em branco por uma lei.

Justilex - O sr. acha que o médico que retirar os órgãos de um
bebê anencéfalo para salvar a vida de outra criança pode ser
processado criminalmente, mesmo contando com a autorização
dos pais e com o amparo do Conselho Federal de Medicina?

Paulo Fernando Melo - Um médico que aceita remover órgãos vitais
de um recém-nascido anencéfalo para fins de transplante, ainda
que tenha anuência dos pais, em minha opinião, deveria responder
por crime de homicídio. De acordo com a Lei dos Transplantes, se
a retirada é realizada em pessoa viva, salvo em casos específicos,
e isso resulta em morte, é crime. E nós consideramos que a criança
anencéfala está viva, tanto é que ela respira, tem batimentos
cardíacos. É retirar os órgãos da criança viva e resultar em morte.
E a pena prevista na lei é clara. Se não se concorda com isso, então
que se mude a lei. O Conselho Federal de Medicina é um órgão
respeitado, do ponto de vista técnico e científico, mas não pode
estar acima da lei. Até mesmo na hierarquia das leis não pode uma
resolução estar acima da Constituição.
Justilex - O sr. não acaba criando um clima de guerra com
feministas?

Paulo Fernando Melo - As feministas exercem o papel delas,
elas advogam a tese do neomalthusianismo, ou seja, do controle
populacional. Elas recebem muitas subvenções internacionais
para divulgar essa causa, ou seja, o controle populacional no
Brasil. Os países mais ricos não querem que a nossa população
aumente. Então, a esterilização, a eutanásia e o aborto fazem
parte dessa política de controle demográfico que nós combatemos
veementemente. Eu costumo chamar isso de imperialismo
contraceptivo, ou seja, organizações não-governamentais de países
mais ricos mandam recursos para grupos feministas para promover
e tentar legalizar o aborto no Brasil.

Justilex - Por que o sr. se envolve tão profundamente nessas
questões?

Paulo Fernando Melo - Desde muito novo eu participo dessa ONG,
não só eu, mas diversos outros juristas. Recentemente, foi lançado
o livro Direito Fundamental à Vida, coordenado por Ives Gandra da
Silva Martins, que é vice-presidente da nossa associação. E do livro
participam grandes juristas, como o ex-ministro José Carlos Barbosa
Moreira, o ministro Nery da Silveira. Todos eles reiteram nessa obra
a tutela da vida desde o momento da concepção. Eu, assim como eles,
advogo, como é a função do advogado, em defesa dos que não têm
direito à defesa, os mais fracos e mais oprimidos. E consideramos que
a criança, no templo sagrado que é o útero materno, é o mais indefeso
de todos os indefesos e merece essa nossa atuação.

Justilex - Então o sr. não concorda com o aborto em caso de
estupro também?

Paulo Fernando Melo - O bandido que comete esse ato horrendo
contra a dignidade da mulher vai ser julgado de acordo com as
leis brasileiras. Se não tiver advogado, será oferecido a ele um
defensor público e ele vai ter a pena que assim merecer. A criança
não cometeu crime, não tem direito à defesa, não tem direito a
advogado, e qual a pena aplicada a ela? A pena de morte. Não
existe pena de morte para o bandido, e sou contrário à pena de
morte, e é aplicada a pena de morte contra um inocente. Não se
justifica um ato de violência, que é o estupro, ser remediado com
um ato de violência maior ainda, que é o aborto.

Justilex - Mas, e a mulher, como é que fica nesse caso?
Paulo Fernando Melo - Compadecemo-nos com a dor contra a
dignidade da mulher e aceitamos a tese de ela não querer a criança.
Então, compete ao Estado tutelar essa criança, que deve ser
encaminhada para adoção.

BRASÍLIA, XX DE JANEIRO DE 2010 INFORMATIVO EM FAVOR DA VIDA, Nº 001 PELO DIREITO À VIDA


“A criança, no templo sagrado
que é o útero materno, é o mais
indefeso de todos os indefesos e
merece essa nossa atuação”

Paulo Fernando
Você também quer defender a vida?

Acesse: www.paulofernando.com.br e www.providafamilia.org

Uma reflexão sobre a História da Formação da Problemática do Aborto.


A História da Formação da Problemática do Aborto mostra que a extensão e a crescente aceitação da prática do aborto no final do século XX no mundo ocidental é uma situação artificialmente provocada pelo trabalho de entre uma e duas dezenas de entidades de âmbito internacional. O trabalho que estas entidades desenvolvem iniciou-se há aproximadamente 200 anos atrás, na virada do século 18 para o século 19, tendo sido desenvolvido, durante cerca de 150 anos, por grupos marginalizados dentro da sociedade sem uma linha de atuação claramente definida. Após o término da segunda guerra mundial, quando o problema demográfico foi levantado através da ONU, estes grupos conseguiram atrelar suas idéias sobre planejamento familiar e aborto à problemática do controle populacional. A partir deste momento deixaram de ser vistos como grupos marginais, ganharam respeitabilidade, financiamento e o controle quase total das instituições de pesquisa e das agências governamentais do primeiro mundo e das Nações Unidas que se dedicam ao estudo e às atividades com problemas populacionais. No final da década de 50 estes grupos já estavam sendo financiados por empresários e com um orçamento anual total da ordem de centenas de milhares de dólares; em 1962 estas entidades começaram a ser financiadas também pelos governos do primeiro mundo, e o seu orçamento anual total girava em torno de U$ 5 milhões; em 1965 a cifra passou para U$ 20 milhões e em 1968 para U$ 80 milhões. Atualmente este valor já é da ordem do bilhão de dólares por ano, sem contar a parcela bastante significativa do que é invertido apenas dentro do território norte americano. O texto do trabalho mostra claramente que o conceito de aborto como principal método de controle populacional estava bem claro para estas entidades já na década de 60 e não é pelo fato da recente Conferência do Cairo não ter reconhecido ainda o aborto como recurso de planejamento familiar que a pressão neste sentido deixará de existir, pois todo o trabalho em matéria populacional que é realizado pela ONU está sob a quase total monitoração destas entidades.

O texto mostra também que, embora a Igreja Católica seja vista hoje como a única entidade que se manifesta contra os métodos artificiais de controle da natalidade, isto não foi sempre assim. Até a Segunda Guerra Mundial a maioria dos países civilizados adotavam também esta posição. Nos Estados Unidos, desde o fim do século dezenove, quando a influência católica naquele país era insignificante, a divulgação de métodos artificiais para a prevenção da gravidez, mesmo que partisse da iniciativa de um médico, era considerado crime passível de prisão. Em 1923 a Liga das Nações promoveu uma conferência em Genebra para a supressão do tráfico de publicações sobre este assunto. Graças a um trabalho paciente e bem financiado, entretanto, basicamente as precursoras ou as mesmas organizações que hoje financiam a legalização e a difusão da prática do aborto no mundo conseguiram fazer com que a mentalidade pública mudasse a tal ponto que, fora dos que participam efetivamente da Igreja Católica, o uso destes métodos se tornou uma rotina tão difundida que pretender ser ouvido por um público maior ao fazer-lhes uma oposição eficaz é visto como um empreendimento já de partida inteiramente destituído de possibilidades. São no seu geral estas mesmas entidades que estão trabalhando agora no desenvolvimento de métodos mais simplificados e acessíveis de abortamento e que pretendem, para as próximas décadas, fazer reconhecer o aborto como um dos métodos de planejamento familiar e torná-lo uma prática tão corrente que seja tão impossível falar-se eficazmente contra ela quanto falar-se atualmente contra o uso da pílula anticoncepcional. O orçamento que elas contam para isto, da ordem do bilhão de dólares por ano, é proporcional à magnitude do empreendimento, tem aumentado exponencialmente nos últimos anos e tende a aumentar ainda mais.

Seria importante, no entanto, alertar os homens no sentido de que, no tocante ao problema do aborto, estamos diante de uma questão gravíssima cujas conseqüências não se limitam apenas ao mundo dos seres humanos ainda não nascidos. No início dos anos 60 foi publicado um livro, escrito sob a orientação do famoso historiador Arnold Toynbee, em que se analisava a História da Educação no contexto de 19 diversas civilizações, muitas das quais extintas já há vários séculos. A comparação entre a evolução dos padrões educacionais destas civilizações e a ascensão e queda destas mesmas civilizações sugeriu uma interligação sintomática entre ambas estas coisas. A existência desta correlação entre educação e o crescimento ou o declínio de uma civilização pode entender-se mais facilmente se se aceita como pressuposto válido a concepção que os autores da obra têm dos fatores básicos envolvidos no surgimento das civilizações. Segundo a obra

"As civilizações são fundadas como resultado da atividade criadora de um indivíduo ou de um pequeno grupo de indivíduos ao responder a um desafio dirigido contra todo o grupo, e todo costume e todas as leis tiveram sua origem em uma atividade individual deste tipo.

Em toda a civilização, mesmo nos períodos em que cresce mais vigorosamente, a massa dos indivíduos está na mesma situação estancada e quieta dos indivíduos das sociedades primitivas.

As civilizações entram em sua existência devido à reação de alguns indivíduos diante de uma prova quando esta se torna realmente presente; são os impulsos psicológicos as forças que decidem realmente a questão no momento em que ocorre o desafio.

Para iniciar a existir uma civilização necessita-se deste desafio mais a criação de uma resposta ao desafio por um ou vários gênios criadores, que esta resposta seja tão estimulante que vença a apatia das massas não criadoras e que ponham a sociedade em uma situação favorável para fazer frente ao próximo desafio quando este se apresente".

Ora, o balanço final da exposição da evolução da educação nas diversas civilizações analisadas levou os autores à conclusão de que, no início das civilizações, os métodos de educação tinham como objetivo principal as necessidades dos indivíduos enquanto tal, preocupando-se basicamente pelo desenvolvimento pleno de sua mente e de seu espírito. À medida em que a civilização se desenvolvia, declinava e se extinguia, a educação se orientava gradativamente para objetivos mais pragmáticos, até acabar voltando-se inteiramente para os interesses da sociedade em vez dos interesses dos indivíduos.

É particularmente preocupante nesta constatação o fato de ser exatamente este o curso da História da Educação na civilização ocidental. Se houve uma época em que, através da escola, buscava-se a sabedoria, na Renascença passou-se a buscar através dela a formação do caráter e no mundo contemporâneo o principal objetivo do sistema escolar são a aquisição das habilidades úteis para a sociedade ou exigidas pelo mercado de trabalho. No mundo moderno não é um conhecimento profundo da natureza humana que determina como a escola deve ser organizada. São as diferentes políticas de desenvolvimento e as diversas necessidades do mercado de trabalho de um determinado número de tais ou quais tipos de profissionais habilitados que ditam as orientações das políticas educacionais. Isto sempre foi, segundo se depreende da obra, um sintoma de uma civilização que está prestes a extingüir-se.

Ocorre, porém, que embora este seja o quadro da educação na sociedade ocidental moderna, nada indica que, ao contrário das outras, ela esteja em vias de extinguir-se. Surge então naturalmente a pergunta do motivo desta diferença, uma pergunta, porém, que não chega a ser formulada no livro, muito menos respondida.

Nós somos de opinião de que a razão para esta diferença foi o fato de que na civilização ocidental, assim como na Islâmica, por derivação da ocidental, entrou em cena um fator novo que jamais havia atuado em nenhuma outra civilização anterior. Este fator são as últimas palavras de despedida do Cristo registradas pelo Evangelho de São Mateus:

"Ide", disse então Jesus, "e ensinai todos os povos, ensinando-os a observarem todas as coisas que eu vos mandei. Eis que eu estarei convosco todos os dias, até à consumação dos séculos".

A convivência prolongada, durante vinte séculos, por parte de nossa civilização, com estas palavras tão simples escondeu-lhes toda a imensa revolução que elas causaram. Esta foi, de fato, a primeira vez na história humana que em qualquer povo e mesmo em qualquer religião surgiu uma pessoa que teve a idéia de que havia alguma coisa que deveria ser levada a todas as pessoas em toda a terra, sem distinção alguma, estivessem ou não preparadas para recebê-la, e que havia ademais alguém ou algum grupo identificável ao qual se atribuía a responsabilidade concreta pelo cumprimento desta ordem. Tanto quanto sabemos, em toda a história, jamais houve alguém que houvesse ousado conceber uma idéia tão arrojada como esta. As religiões não cristãs tendiam a ensinar seus preceitos apenas aos que considerassem como estando preparados para tanto, e usualmente dentro de certos limites geográficos.

Mas foi a partir do cumprimento desta ordem de Cristo que gradualmente passou-se a perceber, no ocidente, que havia outras coisas que também deveriam ser estendidas a todos os povos e a todos os homens, e a lista destas coisas foi aumentando com o decorrer da história. Foi a partir da convivência com esta ordem de Cristo que passou-se a perceber que também o ensino deveria estender-se para todos, assim como a saúde, a liberdade política, os direitos trabalhistas, os direitos humanos, o acesso à justiça, e assim sucessivamente. E que, ademais, deveria haver canais institucionalmente identificáveis dos quais exigir a realização concreta destes direitos. A história da civilização ocidental, pois, partindo daquelas simples palavras de Mateus, tem sido a história da difusão gradativa de um número cada vez maior de direitos para todos os homens sem exceção. Isto tornou-se uma característica tão profundamente marcada no ocidente que os homens têm sido erroneamente levados a supor que se trata de algo que deveria ser óbvio, evidente e característico de toda e qualquer civilização desenvolvida em qualquer lugar e época. A história mostra, porém, que esta suposição é infundada.

Pode-se fazer uma avaliação um pouco mais realista do tremendo impacto que estas palavras de Cristo causaram sobre o curso normal das civilizações se considerarmos as cartas que foram remetidas à Europa pelo mais famoso dos primeiros missionários cristãos enviado às Índias na época dos grandes descobrimentos dos anos 1500. Conta-se nelas que, ao chegar à Índia, São Francisco Xavier teria ficado profundamente chocado com alguns brâmanes que, ao reconhecerem que sua doutrina e seus milagres provinham do alto, pediram-lhe que ele lhes ensinasse em caráter reservado a doutrina do Deus dos cristãos e, pensando que com isto cairiam nas suas graças, prometeram-lhe que jamais diriam uma palavra a ninguém do que ele lhes ensinasse. Aparentemente estes brâmanes não concebiam como sendo decente que uma doutrina à qual se reconhecia uma procedência divina saísse de um círculo restrito de pessoas.

Francisco Xavier, por outro lado, porém, recém chegado à Índia, não parece ter percebido a verdadeira raíz de onde emanava aquela proposta que lhe pareceu tão absurda. Ele não parece ter-se dado conta da revolução que exigiu da mente dos homens a ordem de Cristo que para ele parecia ser um imperativo moral pertencente à lista das coisas evidentes. O missionário limitou-se a manifestar a sua indignação diante da proposta brâmane dizendo, sem pensar duas vezes, que nada ensinaria ao brâmanes se eles não prometessem antes que o divulgariam a quantas pessoas pudessem fazê-lo.

Tão evidente era para Francisco Xavier que os ensinamentos divinos deveriam ser oferecidos a todos sem exceção que sua resposta à proposta dos brâmanes foi educada mas brusca, isto é, não acompanhada de qualquer explicação. Isto foi, porém, para o jovem brâmane que a ouviu pela primeira vez, um choque tão grande quanto aquele que a proposta brâmane havia sido para Francisco Xavier.

Não desejamos emitir aqui qualquer opinião sobre o Bramanismo do qual, diante de sua complexidade, devemos reconhecer o pouco que dele conhecemos; mas podemos conjecturar, ao lermos este relato, se aquele jovem, diante da resposta de Francisco, não poderia ter talvez começado a conceber alguma dúvida sobre o caráter divino dos ensinamentos que até aquele momento pretendia adquirir do missionário:

"Em toda a Costa", diz uma carta de Francisco Xavier, "não encontrei senão um brâmane com alguma instrução e que se diz ter sido discípulo de um nobre e célebre colégio. Procurei vê-lo em particular e ele se prestou da melhor vontade, e sobre as questões e perguntas que lhe dirigi, me respondeu que os brâmanes estavam todos comprometidos por um juramento e não podiam revelar nada de suas doutrinas; mas, por amizade e como exceção para comigo, me falaria abertamente. Fiquei assim sabendo que o primeiro dos seus mistérios é que não existe senão um só Deus, criador do céu e da terra, a quem somente devem culto, e que para ensinarem as leis que eles crêem divinas servem-se de uma língua tão pouco vulgarizada como é o latim entre nós. Em virtude de seu juramento de segredo recitam suas orações em voz baixa para que ninguém as possa ouvir. Seus livros contém uma profecia anunciando que um dia todos os povos da terra professarão uma única e mesma religião. Este brâmane, então, pediu-me que lhe explicasse também os preceitos do Cristianismo, prometendo-me guardar o mais absoluto segredo. Tive que responder-lhe que nada lhe diria, se ele não me prometesse, pelo contrário, de publicar, por toda a parte e em alta voz, o que soubesse de nossa religião".

Carta de 12/01/1544

Traços desta mesma diferença de atitudes fundamentais podem ser observados também nas cartas que relatam o desembarque de Francisco Xavier no Japão, tornando-se o primeiro missionário cristão a conhecer aquelas terras. Embora o jesuíta demonstrasse uma sabedoria superior à possuída pelos seus anfitriões e fizesse milagres entre os monges budistas que estes não eram capazes de repetir, o que mais espantou os religiosos orientais ao verem Francisco Xavier não foram estas prodígios, mas o fato de que ele havia se deslocado de uma terra mais distante do que a Índia ou a África apenas para lhes pregar o Evangelho:

"De todos os povos que tenho visto", diz Francisco Xavier em outra carta, "nenhum pode ser comparado ao japonês pela sua natureza. É de uma perfeita probidade, franco, leal, engenhoso, ávido de honras e de dignidade. A honra é para ele o primeiro de todos os bens. É pobre, mas a pobreza entre eles não é desprezada. Quase todos sabem ler, o que para nós será de grande auxílio para lhes fazer aprender as orações e os principais pontos da doutrina cristã. Tenho tido muitas conferências com alguns dentre os mais distintos bonzos, especialmente com aquele, que pelos seus merecimentos, título e muita idade, já octogenário, goza do respeito e da admiração de todo o país. Ele é entre os bonzos uma espécie de bispo e tem o título de Ninchit. O que vos parecerá surpreendente é que ele nos estima muito e que tanto o povo como os bonzos buscam com empenho a nossa conversação. O que singularmente lhes causa admiração, porém, é que tenhamos percorrido seis mil léguas com o único fim de lhes anunciar o Evangelho".

Carta de 03/11/1549

Esta atitude, estranha para os japoneses, incompreensível para os brâmanes, impensável em qualquer civilização antes do Cristianismo, é, entretanto, tão essencial à mensagem evangélica que incorporou-se à civilização ocidental sob a forma de um número sempre crescente de nuances, muitas vezes necessitando apenas de uma circunstância política ou econômica imprevista para vir a manifestar-se de uma nova maneira. As manifestações e as ampliações contínuas desta tendência básica em nossa história é, a nosso ver, o mais importante dos fatores que tem impedido o desagregamento de nossa civilização, apesar de nela ter-se chegado, em matéria de educação, ao pragmatismo caraterístico dos períodos finais das civilizações.

Nos últimos duzentos anos, porém, com a crescente pressão pela legalização do aborto, iniciou-se, talvez pela primeira vez, uma manifestação global de uma tendência oposta à que acabamos de descrever.

O movimento pró aborto sempre iniciou seu caráter público advogando a legalização do aborto em casos difíceis. Em vez de uma ampliação de direitos, assistimos com isto a um movimento pela crescente negação do direito à vida para determinadas classes de pessoas que vão paulatinamente se ampliando. Primeiramente os indivíduos que perdem o direito de ter a sua vida tutelada são as crianças mal formadas no ventre materno ou aquelas em cuja concepção uma terceira pessoa, e não elas, cometeu um crime sexual. Depois, são todas as crianças até o fim do primeiro trimestre de gestação. Num estágio posterior o prazo se estende até o fim do segundo trimestre ou mesmo até o momento do parto, como ocorreu a partir de 1973 em todo o território dos Estados Unidos. A partir daí, especialmente onde não há ou não é possível haver uma oposição, o de-reconhecimento dos direitos fundamentais se amplia muito rapidamente. Nos Estados Unidos há propostas de leis para a interrupção da vida neonatal durante a primeira semana após o nascimento. Na primeira metade do século XX, na Alemanha, as leis do aborto foram efetivamente ampliadas para depois do nascimento e chegou-se ao ponto de ser possível interromper legalmente a vida de uma criança em idade escolar se esta não pudesse acompanhar o ensino ministrado nos estabelecimentos escolares. Na China atualmente o aborto é obrigatório para todos a partir do segundo filho. Em todo o mundo, desde a segunda metade da década de 60, está-se investindo maciçamente para transformar o aborto em um dos recursos disponíveis para o planejamento familiar. A partir do momento em que uma sociedade reconhecer, tranqüilamente e sem controvérsia, estas práticas como legitimamente incorporadas às suas rotinas diárias, e no momento está-se dispendendo metodicamente quantias da ordem de bilhões de dólares anuais para isso, em poucas gerações esta sociedade será capaz de conceber e aceitar propostas hoje simplesmente inimagináveis. Ela terá, ademais, dinamitado em sua fonte, sob a aparência de uma abertura ideológica, precisamente aquele fator que historicamente garantiu sua estabilidade em meio a sinais que, em outras civilizações, já eram sintomas evidentes de sua decadência e próxima extinção.

A questão do aborto é, portanto, muito mais grave do que parece a um primeiro exame. Seus efeitos não se restringem ao mundo da vida prénatal. A vida prénatal foi apenas o ponto fraco onde pode estar se manifestando o início de um processo de inversão das forças que levaram a civilização ocidental a se tornar uma civilização de âmbito global. É preciso mostrar às pessoas, enquanto é tempo, que podemos estar no início de um problema que não é de forma alguma secundário diante dos demais e que pode ter conseqüências pelo menos tão graves quanto as que haveria se ocorresse a perda do controle sobre a produção e o uso do arsenal das armas nucleares. Se hoje a maioria da humanidade ainda não conseguiu perceber isto claramente é porque o que esteve queimando até o momento foi apenas o pavio.


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